Um Navio navegando nas estrelas

Olá!

Por que não aproveitarmos 
o fato de que a noite pode nos trazer um 'céu de brigadeiro',
quer dizer, um céu estrelado, escuro e transparente,
e com ausência de luminosidade da Lua...,
e nos brindando com a oportunidade 
de bem navegarmos junto às estrelas
embarcando em uma viagem estelar
no Navio?


Programa Stellarium



A bem da verdade,
quando a noite cair,
você poderá já divisar algumas estrelas
já se apresentando no lusco-fusco
e, certamente,
sempre a primeira a se mostrar iluminada e feliz
é Sírius, estrela-alpha Canis Majoris!


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Alguns poucos minutos mais tarde
e com a luminosidade insistente do Sol já deixando de acontecer
e a escuridão começando a invadir a abóbada celeste,
deixe seus olhos percorrem
um curto caminho, um tantinho ao sul e ao oeste,
e encontrarem a belíssima estrela-alpha Carinae,
Canopus, o capitão de Argo Navis, o Navio!

Vamos, então, embarcar no Navio?


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http://www.aradergalleries.com/detail.php?id=3645
Johann Bayer — Carina Navis





Argo Navis, o (antigo) Navio


 - hoje desmembrado em Popa, Quilha e Vela - 

é uma constelação que sempre nos traz muitas surpresas.





Uma dica bem interessante é começar sua viagem pelo Gigante Caçador, Orion 
(não tem quem não conheça e reconheça esta constelação, 
sempre nos apresentando suas três estrelinhas 
chamadas popularmente de As Três Marias!)
 e então ser "chamado" pelo brilho intenso 
da estrela-alpha Canis Majoris, 
Sirius.


Perceba então que existem algumas estrelas tímidas 
como se formassem um paredão, algo assim: é a Popa, Puppis, do Navio!


A partir da Popa,
 não tem como não ser "chamado" pela estrela-alpha do antigo Navio 
e da recente Quilha, Carina, 
a bela Canopus, o capitão do Navio.


A Vela chama nossa atenção por figurar exatamente como a mesma, sem tirar nem por.






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Mario Jaci Monteiro - Cartas Celestes, Argus Navis





UM NAVIO NAVEGANDO NAS ESTRELAS
- e todos nós,
amantes das estrelas,
podemos acompanhar esta viagem!








É sempre uma real emoção quando entram no meu céu de horizonte sudeste 


algumas estrelas e suas constelações, bem ao sul 


- certamente me fazendo muito feliz por viver no hemisfério sul

 e na Latitude 21S52 e Longitude 43W00!  


Observar a viagem realizada pelo Navio,
surgindo no sudeste e navegando em elipse curta
até encontrar seu lugar de se esconder, no sudoeste,
é sempre um grande prazer
pois que todas as estrelas e constelações
que acompanham esta viagem
também contam suas próprias histórias
e revelam seus tesouros!





Programa Stellarium

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Quando a noite realmente cobre com sua escuridão
a abóbada celeste,
neste momento em que vivemos, final do mês de dezembro,
conclusão do ano de 2014,
nossa viagem no Navio
já vem nos apresentando um cenário bem interessante:


 Aquarius, o Aguadeiro, e Pisces, os Peixes,
fazem piscar suas estrelinhas bem tímidas, realmente,
nos confundindo em um certo caos, digamos assim... 
  

Porém, a entrada em cena do monstro Cetus, a Baleia,
 logo nos traz de volta ao Cosmos
 - quer dizer, saímos do caos de estrelinhas em ziguezague 
formadas pelo Aguadeiro
 e entremeadas pelas Cabeças dos Peixes 
(situações que podem ser bem visualizadas 
somente em lugares de céus escuros e transparentes) 
e tendo, ainda ao sul, a belíssima Fomalhaut,
 estrela-alpha Pisces Austrinus, 
presença realmente brilhante e marcante!


No entanto, sabemos que a constelação dos Peixes
faz acontecer o cenário principal
onde entra em cena o Mito de Andromeda,
a jovem princesa acorrentada e salva pelo herói Perseus.


Esse mito acontece através as constelações
Cepheus, Cassiopea, Pegasus, Andromeda, Pisces,
Cetus e Perseus
- todas cobrindo uma imensa parte dos céus estrelados
mais ao norte e ainda alcançando a Linha da Eclíptica
(e um pedacinho também mais ao sul da Linha do Equador Celestial, 
no caso de Cetus, a Baleia)
e correndo, digamos assim, desde Aquarius e passando por Pisces
e então por Aries e seguindo e concluindo ao norte de Taurus
(onde Perseus mora).


 Certamente,  olhando ao norte, 
a presença do Cavalo Alado Pegasus é bem interessante
 em seu desenho de grande quadrado
 sendo avizinhado pela presença emocionante da Princesa Acorrentada, Andromeda,
 que em seu ventre acolhe nossa galáxia-irmã-quase-gêmea, Andromeda...
 com a qual estaremos nos fusionando alguns bilhões de anos, no futuro...


Ao vermos o Grande Quadrado de Pegasus, ao norte,
 podemos fazer uma linha quase reta dirigindo-se para o sul
 para então encontrarmos com outras duas galáxias também irmãs nossas:
 As belíssimas Nuvens de Magalhães
 (que sempre podem ser vistas a olho nu em lugares de céus escuros e transparentes - aqui no Sítio das Estrelas eu sempre me disponho a contemplá-las
 e sempre sabedora que os minhocas-da-terra,
 moradores originais da roça,
 a chamam de As Mulas do Presépio de Jesus!).


Sabemos que um tantinho quase ao centro do Grande Quadrado
 do Cavalo Alado Pegasus e bem próximo a uma das Cabeças dos Peixes, 
existe o entrecruzamento das Linhas da Eclíptica e do Equador Celestial: 
o Ponto de um novo começo, o Ponto Vernal, 
o começo da primavera para o hemisfério norte 
e do outono para o hemisfério sul.


O mito de Andromeda e Perseus 
(acompanhados por Cepheus e Cassiopeia e ainda por Pegaus e Cetus)
 vem terminando e trazendo à cena a terra firme pisada pelo Carneiro, 
com suas duas estrelas simpáticas, Alpha e Beta Arietis.  


Taurus, o Touro, também pasta nestas terras firmes 
e sempre nos encantando com a beleza das Plêiades 
que mais se parecem com um tercinho de estrelas o qual não paramos de rezar
 e de agradecer aos céus estrelados por tanta beleza e tanta delicadeza! 
 O Olho Iluminado do Touro, estrela-alpha Tauri, Aldebaran, 
entra em cena e fazendo parte das Hyades
 - que sempre me parecem como uma arvorezinha de natal







Podemos, então, perceber que Argo Navis, o Navio Argos,
já se apresenta por inteiro,
 em Quilha (Carina), Popa (Puppis) e Vela 
e sua estrela-alpha, Canopus, 
vem dirigindo o Navio como se fizesse uma longa curva nos céus do sul... 
e sempre trazendo consigo o esfumaçado de estrelinhas 
e objetos difusos e reunidos da Via Lactea ...


Achernar faz acontecerem as linhas sinuosamente desenhadas por estrelinhas
 também tímidas realizando o Rio do Céu, o Eridanus,
 que corre até a belíssima Rigel, estrela-beta Orionis, 
um dos pés do Gigante Órion! 


Ainda bem mais ao norte, sempre Capella, 
estrela-alpha Aurigae, 
estará atuando como se fosse um farol, 
sempre chamando nossa atenção!









 Programa Stellarium



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O Navio continua sua viagem
e vem buscando seu ápice de movimentação orientada para o norte...,
então, após ter encontrado seu meio-do-céu,
parece que sua Pôpa torna-se Proa
e começa a navegar rumo ao sudoeste.


Os Gêmeos fazem a festa em sua conversa eternizada 
entre suas estrelas Alpha e Beta Gemini, Castor e Pollux,
 o primeiro gêmeos terrestre e o segundo, gêmeo celeste!


Sempre em tempos em que a Lua não está presente 
e em lugares de céus escuros e transparentes, 
é uma alegria incrível nos depararmos com o Caraguejo 
apresentando-se através seu berçário de estrelinhas-bebês, 
O Presépio
 - também chamado de Colmeia de Abelhas!


Se bem percebermos, 
mais ao sul do Caranguejo vamos encontrar uma estrela alaranjada 
- estrela-alpha Hydrae, o Coração do animal rastejante q
ue vai se insinuando em estrelinhas super tímidas
 através os lugares mais ao sul do garboso Leão
 com Regulus, sua estrela-alpha, 
sempre fulgurante, 
bem como a Virgem carregando o feixe de trigo
 através sua estrela-alpha Spica.


Certamente a presença fulgurante de Júpiter

próximo à estrela-alpha Leonis, Regulus,
é uma visão muito bela!


A visão da Hydra rastejando em linha sinuosa
 em longo caminho nos céus estrelados 
é realmente uma visão maravilhosa 
- pois que a Hydra se insere entre as constelações do Zodíaco descritas 
mais acima
 e ainda traz consigo, ao norte, 
o Sextante, a Taça e o maravilhoso voo do Corvo! ..... 
E, ao sul, a Hydra segue o mesmo caminho do Navio, 
vai acompanhando o doce ondular de ondas 
que Argo Navis vai realizando em seu movimento em curva,
 do sudeste ao sudoeste....  
(e eu ainda sempre admiro 
e observo este mesmo movimento de voo do Corvo!).





Programa Stellarium

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Neste momento de quase-conclusão de nossa visão
do Navio navegando nas estrelas...
- porque nossa noite já vem terminando
e o canto do galo já se fez presente
e alguns pássaros já podem ser vistos saindo de seus ninhos
e buscando voar alto para alcançarem, antes de nós,
a iluminação do Sol...,
vemos que o belíssimo Centauro se apresenta por inteiro,
 acolhendo todos seus fantásticos mistérios....
 como o Agrande Atrator, por exemplo,
 e a imagem emocionante de Omega Centauri.  


É interessante podermos buscar o ponto de fusão

entre o Navio e o Centauro:



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A bem da verdade, 
quando as constelações e estrelas e objetos mais ao sul
 foram sendo observados por astrônomos advindos 
de países do hemisfério norte
 e nomeados e ordenados, 
no cado do Navio
ao invés de a Proa ser inserida, 
bem ao contrário, o Navio foi desmembrado 
em Quilha (Carina), Vela e Pôpa (Puppis).  


E por que a Proa não pôde ser inserida?



Podemos perceber que existe a vizinhança
 composta pela imensa constelação do Centauro 
e exatamente no lugar onde a Proa do Navio 
poderia ter sido inserida
 podemos ver uma das patas do Centauro 
escudando nosso Cruzeiro do Sul!






Buscando compreender melhor 
sobre a questão da ausência de Proa
 (já manifestada através o Mito) do Navio, 
pude constatar que  Carinae Nebula acontece exatamente no lugar 
onde a Proa poderia se situar!  


Da mesma forma, 
constatamos que as chamadas Pleiades do Sul ou Austrais
acontecem exatamente no lugar
onde a Quilha poderia ter seu término!



A bem da verdade,
mesmo que volvamos nossa olhar
- enquanto moradores do hemisfério sul -
para os céus estrelados austrais,
não estaremos encontrando a Proa do Navio!


Quer dizer,
A Proa do Navio Argus existiu quando de sua construção mítica, sim,
mas nunca existiu em sua representação estelar.




http://www.aradergalleries.com/detail.php?id=3645
Johann Bayer — Carina Navis






O Mito sobre Jasão e os 50 Argonautas,
sobre a construção do Argo Navis
e sobre sua Viagem
nos diz que


Quando Argo Navis passou através o Estreito de Bósforo e rochas desmoronaram,  
o Navio foi virado e naufragou....; 
e subiu aos céus 
porém sem estrelas apresentando desde a Proa até o mastro.
... mas todo o resto é brilhante!


Assim R. H. Allen comenta 
sobre os dizeres de Aratos acerca esta circunstância.



Aparentemente, 
as rochas desmoronaram exatamente sobre a Proa 
- daí uma explicação mítica sobre seu desaparecimento....
 quando o Navio foi levado aos céus, segundo o Mito.



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Não tem quem no hemisfério sul não conheça 
as estrelas Alpha e Beta Centauri, 
Rigel Kent e Hadar 
- algumas pessoas sabem que Rigel Kent é um sistema Triplo
 e que uma dessas estrelas é a Proxima Centauri 
e assim chamada por ser a estrela mais perto 
de nossa própria estrela, nosso Sol!..., 
muito próxima estrela, realmente, 
logo ali, no quintal ao lado de nosso quintal, 
o Sistema Solar onde habitamos!


E não tem quem no hemisfério sul não conheça
 o Cruzeiro do Sul!  


Existem poucos lugares no céu que são realmente conhecidos por todos: 

as chamadas Três Marias
 - Mintaka, Alnitak e Alnilan, o Cinturão do Gigante Órion
 - e o Cruzeiro do Sul!  


(Certa vez, retornando de uma viagem à Europa, 

o avião fez uma escala nas Canárias.... 
e qual não foi minha alegria quando olhei para o céu 
e pude reconhecer o Cruzeiro do Sul me trazendo as boas-vindas: 
eu estava já em casa!)  


É bem assim mesmo: 

o Cruzeiro do Sul nos traz o tom de estarmos em casa
 - para os moradores do hemisfério sul, é claro!




Programa Stellarium

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Eu penso que toda a trajetória de Argo Navis, o Navio Argus, 
nos traz muitas emoções 
e uma dessas emoções intensas é o fato de que a Via Lactea se faz presente 
ao longo de seu trajeto, 
cortando os céus estrelados 
desde sua chegada no horizonte sudeste
 e já em meio à fumaça de estrelas e objetos advindos desde Perseus e Auriga, 
ao norte, 
perpassando por Órion, por Cão Maior...
 e ainda seguindo um novo caminho, 
alcançando o Centauro, 
e buscando pelo Escorpião 
e pelo lugar que nos leva ao centro da Galáxia,
 já nas imediações vicinais ao Sagitário 
 e pegando carona, no Great Rift, o Rio do Vazio da Via Lactea,
 nas asas de Aquila, a Águia, 
e indo até, de um lado, a belíssima Lyra e sua estrela-alpha Vega,
 e, de outro lado, a também maravilhosa Cygnus, 
abrindo suas asas 
e terminando seu alçar de voo através sua estrela-alpha, Deneb.

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Com um abraço estrelado,
Janine Milward






Ivan Konstantinovič Ajvazovskij (1817 - 1900)
“Ship in Stormy Sea” 1858